quarta-feira, 15 de abril de 2009

Promotora quer cota para negros em desfiles de moda


As semanas de moda de Paris, Milão e Nova York não perdem por esperar a tendência que a São Paulo Fashion Week está para lançar. De acordo com uma proposta do Ministério Público, as grifes do evento poderão ser obrigadas a cumprir cotas raciais em seus desfiles --no estilo do que já fazem as universidades públicas. Desde o ano passado, a Promotoria abriu um inquérito para apurar a prática de racismo na SPFW. A ideia das cotas é da promotora Déborah Kelly Affonso, do grupo de atuação especial de inclusão do Ministério Público. "O percentual de modelos negros no evento [em torno de 3%] é bem menor que o de brancos. O objetivo da Promotoria é fazer um acordo de inclusão social. Estabelecer um número mínimo de modelos negros a desfilar", afirma ela.O inquérito tem como ponto de partida reportagens publicadas pela Folha em janeiro de 2008. Naquela temporada, apenas oito dos 344 modelos que desfilaram na SPFW eram negros --2,3% do total. No Brasil, 49,7 % da população é composta por negros e pardos, segundo o último censo do IBGE (de 2007). Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u549446.shtml

A estilista Glória Coelho, comentou sobre a proposta de cotas raciais em desfiles de moda. Veja na íntegra o comentário da estilista:

"Nosso trabalho é arte, algo que tem de dar emoção para o nosso grupo, para as pessoas que se identificam com a gente. (...) Na Fashion Week já tem muito negro costurando, fazendo modelagem, muitos com mãos de ouro, fazendo coisas lindas, tem negros assistentes, vendedoras, por que têm de estar na passarela?".
-
Belissíma
declaração! Parabéns Glórinha!

Você acha que fiquei louco? Não, pelo contrário, é com uma declaração "sensata" e sincera como essa que podemos perceber como nosso país "progrediu" na consciência sobre o preconceito racial. Essa declaração não é diferente de nenhuma ideia de Gobineau, Gilberto Freyre, Ali Kamel, Monteiro Lobato, Euclides da Cunha ou de qualquer "sinhôzinho" (a) do período colonial.

Você precisa de mais quantos exemplos para apoiar cotas raciais/sociais no Brasil? Ah, é claro, isso não é racismo ? Racismo é quando um membro da Ku Klux Klan atira uma tocha de fogo no corpo de negros(a) ? Esse é a sua concepção sobre racismo?

"Nosso trabalho é arte, algo que tem de dar emoção para o nosso grupo, para as pessoas que se identificam com a gente. (...)"

Analisando este excerto da declaração da estilista, eu posso analisar facilmente o que ela quis dizer, caso alguém não entenda, ou finja que não entendeu. Em outras palavras:

"Nosso trabalho é arte, algo que tem que dar emoção para o nosso grupo, um grupo de brancos, ricos, famosos e para pessoas que querem ser poderosos como nós somos".


"(...) Na Fashion Week já tem muito negro costurando, fazendo modelagem, muitos com mãos de ouro, fazendo coisas lindas, tem negros assistentes, vendedoras, por que têm de estar na passarela?
".

Em outras palavras: "No
Fashion Week já tem muito negro fazendo o trabalho que eles devem fazer, trabalhando nos bastidores, fazendo modelagem, limpando camarins ou fazendo a segurança. O que esses negros pensam que são? Eles estão fazendo nossas roupas, roupas de brancos, ricos e famosos. Quanta petulância! Na passarela, lugar de pessoas bonitas, não tem lugar para negros!"


Essa é a mentalidade da grande maioria do povo brasileiro, e digo isso porque essa generalização tem fundamento, pelo menos para as pessoas de bom senso. Até quando vamos conviver com essas mentiras? Até quando?

Eu vejo muitas pessoas atacando desesperadamente as cotas raciais, dizendo que negros estão assumindo sua incapacidade e um monte de outras
falácias. O que as pessoas não entendem, é o que o racismo que elas mesmo propagam é que faz com que medidas PALIATIVAS de inclusão sejam aplicadas. Até quando o povo brasileiro vai ficar mentindo que não é racista? Até quando?

Eu proponho de imediato que os racistas
adotem uma nova mentalidade, que abra mão de agir sorretareimente e aja como nossa querida Glória Coelho fez. Pelo menos assim nós podemos conhecer nossos inimigos. E daí quem sabe, num futuro distante possamos ser um país racista, porém com um presidente negro. Se os americanos que dividiam escolas para negros e brancos, o que o Brasil que é um país que não precisa de cotas pode fazer então?

Um comentário:

  1. Meu Deus! Incrível como tem ainda uma porção de atividades em que os negros são minoria. Eu nunca havia pensado nisso (desfiles), mas se pararmos agora para pensar, a dívida ainda é grande.

    ResponderExcluir