sábado, 18 de abril de 2009

Estudante vai à Justiça após perder vaga de cota para negros em universidade


Tatiana Oliveira, que cursava pedagogia na UFSM, se declara parda.
UFSM diz que ela não preenche condições para cota de afrobrasileiro.

Fiz o que o edital pedia: uma declaração de próprio punho de que sou descendente de afrobrasileiro. Eu sou parda. Não agi de má-fé”, afirma ela, cuja mãe é branca e o pai, pardo. Marli Dalchum, advogada da estudante, diz que na próxima terça-feira (14) vai ingressar com ação na Justiça Federal, com pedido de liminar, para que Tatiana retorne imediatamente a assistir aulas na UFSM."

Segundo o pró-reitor de graduação da UFSM, na entrevista, a estudante afirmou que a primeira vez que ela se reconheceu como parda foi no vestibular. Tatiana também relatou nunca ter sofrido preconceito relacionado à sua cor.

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É mais uma polêmica envolvendo cotas raciais, é mais uma oportunidade de sensacionalizar, é mais uma oportunidade para que outras pessoas se alistem para o Pelotão Anti-Cota.

Como pró-cotas assumido, como ativista, como pessoa consciente do papel do negro na sociedade brasileira, como pertencente a classe média brasileira, como leitor voraz de assuntos que dizem respeito as raças no Brasil e no mundo, e principalmente como pessoa consciente quero opinar:

Segundo minhas concepções de quem é negro ou não é, Tatiana Oliveira, não é e NUNCA se declarou como NEGRA (afro-brasileira) em outras situações. Como eu posso saber disso? É simples, para assumir o papel de ativista pró movimento negro no Brasil precisa ter "peito", precisa ter "raça" mesmo, e não acho que assumir uma condição tão DISCRIMINADA na sociedade tupiniquim e defender os interesses da mesma é no minímo "irracional" do ponto de vista das oportunidades, da preservação pessoal, da estética, e até no campo amoroso. Além disso, digo com propriedade que as pessoas sejam elas negras, ruivas, brancas, asiáticas, NÃO estão aptas para debater, refletir, e fundamentalmente se posicionar em relação aos assuntos que envolvem conflitos entre as pessoas geradas pelo racismo, pois as pessoas recebem oceanos de influências preconceituosas todos os dias, que incentivadas pelo senso comum e pelo discurso "bonito" de jornalistas, colunistas, ou outros pseudos intelectuais desses país são manipuladas, manobradas, e fazem o papel sujo para elite: ATRASAR POR MAIS TEMPO A CONSCIENTIZAÇÃO, A CIDADANIA, E A CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE BRASILEIRA, PAUTADA POR UMA UNIÃO REAL E HOMOGÊNEA DE TODOS OS CONSTITUINTES DESSA MESMA SOCIEDADE, EM PROL DE UM FUTURO MELHOR.

Neste post, nem vou comprovar a necessidade das cotas raciais para o Brasil, aliás, qualquer pessoa que enxergue, isso mesmo, que enxergue somente pode fazer isso.

Em relação a atitude de Tatiana em se inscrever como parda no vestibular e disputar uma vaga, é no minímo questionável. Embora, seja usual o termo PARDO para definir pessoas PRETAS aqui no Brasil, essa caracterização não é mais que uma forma suave de renegar sua origem, sua condição, e chegar mais próximo do paraíso da aceitação, o tão sonhado padrão branco de qualidade. Portanto, chega até ser intrigante essas relações no Brasil, pois quando a situação é desfavorável, pessoas usam o inusitado poder de conversão em pardos(a) ou até brancos (o que eu já vi de preto retinto defensor ferrenho de sua ancestralidade caucasiana não é mole não!), porém quando um assunto de EXTREMA importância como são as cotas para negros no Brasil, essas mesmas pessoas me surpreendem mais uma vez, e até se auto-declaram NEGRAS, contrariando até sua concepção de qualidade, assumindo uma consciência que nunca existiu, uma personalidade que nunca existiu, criando uma pessoa que nunca existiu.

E luta deve continuar!
"Enquanto os leões não se libertarem, a história sempre será dos caçadores." Provérbio Africano.


PS: Tatiana, e outros "espertalhões": Suas mamães não lhes ensinaram que mentir é feio?

2 comentários:

  1. Pedro, eu já havia lido a reportagem da Tatiana e pensei em nós, nossas conversas. Concordo que ela nunca se assumiu negra, ou melhor, ainda penso que por muitas vezes ela renegou as origens africanas. Infelizmente o brasileiro,não somente a Tatiana, insiste na Lei de Gerson, quer levar vantagem em tudo. Se há uma oportunidade para conseguir algo, que teoricamente seria difícil, a pessoa esforça-se,muda até princípios, para conseguir, não importando os meios e sim o fim.Não acho que esse epidódio pode atrapalhar a adesão das universidades à política de cotas, mas realmente é um prato cheio para aqueles que querem descaracterizar o seu significado.Não importa,continuemos o debate e deixemos que a história mostre para os nossos próximos qual é o melhor caminho. Um grande abraço, Meire.

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  2. Pois é, Pedro, a Tatiana não é a primeira branca a ser desmascarada na UFSM, mas sabe como é...a mídia escolhe um caso entre um milhão e faz um verdadeiro espetáculo em cima dele. Lamentável que essa moça não tenha o mínimo de vergonha em fazer o que fez.

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